Mensagens recebidas de LIGADOS

Oi,adorei saber essa história. Da ocupação da frente do teatro, pintura da porta, colagem das fotos, etc...e por que não? Do final da história na delegacia de polícia...Parece que a polícia está sendo mais sensível ao movimento do que os próprios "artistas", não?

Acho que vocês poderiam tentar ganhar passagens para Brasília da Gol ou da Tam e levar o Movimento para a frente do escritório do Frateschi. Parece utópico? Não acho. Assim, pelo menos, ele não teria como fugir da "obrigação" de ouvir vocês...

Talvez o mais viável e tão eficiente quanto, seja você e mais alguém, irem para Brasília e tentar ser ouvido pelo maior número de políticos possível...Por exemplo, o Gabeira, eu acho um dos poucos que se pode confiar. Quem sabe ele não pode ajudar em tudo isso?

ISABEL SCISCI produtora, diretora agitadora CULTURAL



Merece
Já dei uma olhada lá no blog e achei bem interessante o Movimento e a proposta dele...eu como apaixonada pela arte e aspirante a atriz, sempre curto essas coisas. Fico puta quando vejo ou fico sabendo de teatros desativados, cinemas, etc...acho que hoje em dia arte não tem mais o espaço que deveria ter na sociedade e o governo tá pouco se lixando também, em vez de incentivar..mas isso não significa que a gente não possa fazer isso por eles. Whatever, achei hiper bacana o Movimento, e se pudesse (e morasse no Rio!) gostaria de ajudar. (: Boa sorte pra vocês aí no projeto!
Beijão

KITTY



È issso ai CARAIO !!! Agora têm que rolar coisas dentro do ESPaço DULCINA!!!!!!!!
BEIJOS E MUITA MELDA!!!!!!!!!!!!!!
HOMI CORAJOSO
ABRAÇOS FORTES PARA INTENSSIFICAR SUA FORÇA MEUQUERIDO!!!

RAFAEL Ghiraldello



ACHEI A IDEIA MUITO BOA...MUITO CRIATIVA E COMO SEMPRE, QUANDO LIGADO À ALGUMA INSTITUIÇÃO BRASILEIRA, ALGO SEMPRE SE TORNA RIDICULO...A AÇÃO DE DESCASO DA FUNARTE FOI NO MÍNIMO DE DESRESPEITO...COMO NO GERAL TUDO NESTE PAÍS...PARABÉNS PELA INICIATIVA E CONTINUEM LUTANDO...ALGUEM TEM QUE LUTAR...AFINAL...O BRASIL TINHA TUDO PRA SER "TUDO" E INFELIZMENTE NÃO É...

ATE MAIS E GRANDE ABRAÇO!!!

ALDO


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Texto do Teofilo Tostes

Ainda são possíveis encontros em espaços públicos


Movimento Dulcynelandia e Ocupação Manuel Congo celebram os 100 anos de Dulcina de Moraes e mostram que o espaço público ainda pode promover encontros


Neste domingo, dia 20 de julho, estive presente na comemoração do centenário de Dulcina de Morais, promovido pelo Movimento Dulcynelandia, em frente ao teatro (fechado!) que leva seu nome, na Rua Alcindo Guanabara, 7. Fui ao ato na qualidade de expectador – entre os meus objetivos estava o de assistir à leitura de ‘Luz e Sombra’, que escrevi com a Alexandra Arakawa (e que acabou sendo magistralmente engolida pela voragem antropofágica dos fatos). E nessa condição escrevo meu breve depoimento do que vi por lá.


Quando cheguei ao local, tudo parecia ainda um tanto incipiente. Mal suspeitava que a polícia já houvesse passado por lá e levado um dos palhaços para prestar esclarecimentos – desconfio que ele não deva ter achado muita graça nisso. Também não sabia da queda de luz e dos vários percalços já enfrentados até ali. E, acostumado por vício de profissão à repercussão midiática dos fatos, ainda questionava qual seria a efetividade daquilo que ainda estava se construindo. Sem intuir, no entanto, o que ainda estava por vir.


Se o vício de profissão me levava a questionar a efetividade daquele ato – o primeiro dos 100 chutes simbólicos nas portas fechadas do teatro – um outro vício, o do escritor que sou, deixava-me com os olhos e os ouvidos atentos ao instante. Sim, estava pronto para colher o momento que passa (esse “inquietante animalzinho, todo asas e todo patas” que, nas palavras de Quintana, “ardia como uma brasa, trepidava como um motor, dava uma angustiosa sensação de véspera de desabamento”.). E o momento que passa estava grávido das possibilidades que adviriam do improviso antropofágico, do encontro, do movimento.


Pouco depois da minha chegada, a roda de coco e ciranda “A Pisada” ditou o ritmo dos acontecimentos. O sentido pelo qual eu estava procurando logo na minha chegada parecia querer esboçar sua face para minhas retinas. E ele residia na celebração da possibilidade de encontros num espaço público. Mas ainda era um esboço de sua face que me chegava, pela celebração quase ritualística do canto e da dança – essas formas artísticas tão profundamente ligadas às formas mais primordiais do culto ao sagrado.


O Ensaio Aberto da quadrilha da Ocupação Manuel Congo foi para mim o ponto que desencadeou o inesperado, o surpreendente, o maravilhamento que a face do real tem quando supera o ideado. E talvez a força desse ensaio aberto tenha vindo do casamento perfeito de duas formas de espontaneidade: a da criança e a do artista. A partir dali, as crianças e os artistas comungaram no engendramento do caminho fluvial dos fatos. A beleza passou a transbordar nas brincadeiras, nas danças, na correria, na explosão do lúdico no meio da rua, sem pudores nem censuras. As fotos das crianças, dos palhaços e das danças, das cores e das imagens projetadas nas portas fechadas do Teatro Dulcina e nas retinas de todos ali presentes não me deixam mentir. Esse transbordamento de beleza e de euforia infantil, essa voragem antropofágica dos fatos engoliu muito do planejado – entre os quais a leitura do texto que eu tinha ido ali para ver. Mas engoliu pela força dos acontecimentos, com a magia dos feitiços peculiares às crianças e aos artistas. Tudo isso, sem esquecer do parabéns à Dulcina e da distribuição do bolo, feito em parceria pelo Movimento Dulcynelandia e pela Ocupação Manuel Congo.


Após a ida do DJ, a conversa entre aqueles que permaneciam ali, a troca de histórias, idéias e experiências (que me é tão cara, rara e preciosa, já que é material para o que escrevo) terminou de esculpir para mim a face do sentido e da efetividade daquele ato. Estava claro que em tempos onde a rua é vista quase como um obstáculo a ser transposto, é uma grande vitória celebrar a rua, o espaço público – tão esvaziado – como local de encontro, de troca, de arte e de luta. Voltei para casa, dentro do ônibus, pensando nisso. E lamentando o fato de não poder estar presente no próximo chute simbólico nas portas fechadas do Teatro Dulcina, que vai acontecer no dia 03 de agosto, já que estarei de volta a São Paulo...


Mesmo assim, acredito que um pouco do meu pé estará neste segundo chute, assim como a lembrança deste primeiro estará bem viva dentro de mim.


Teofilo Tostes Daniel

Texto do Odilon Carneiro

100 anos de Dulcina de Moraes? Ágora Aberta em Frente ao Teatro Fechado.


No ano do centenário de Niemeyer, de Cartola, de Manuel de Barros, do Teatro Municipal, umas das mais importantes atrizes do Brasil está esquecida e um dos mais claros reflexos disso é o seu teatro no centro do Rio de Janeiro, fechado e caindo aos pedaços. Tudo por conta de politicagem e má administração. Hoje o Teatro Dulcina é administrado pela FUNARTE, à época de seu fechamento era a prefeitura quem o administrava. Com um projeto de 500 mil reais a prefeitura pretendia restaurar o teatro e deixá-lo exatamente como foi construído no século passado. Foram conseguidos 400 mil reais para o projeto, faltaram 100 mil. A obra não foi feita e no início desse ano a prefeitura devolveu a administração para a FUNARTE, que recebendo o teatro nessas condições, processou a prefeitura pelo estado do espaço. Por conta desse processo, ninguém entra nem sai do teatro, nada acontece e ele continua com suas portas fechadas. Já passamos o meio do ano do centenário e nada foi feito.


As dúvidas que ficam são:

É certo que um teatro tão importante como esse (foi lá que Dulcina iniciou a primeira faculdade de artes cênicas do Brasil), num local igualmente importante culturalmente para o nosso país como a Cinelândia, esteja fechado pelo descaso de suas administrações?

É certo que em uma obra de restauração para deixar o teatro como era, com seu palco italiano antigo, que hoje não reflete mais as necessidades das criações contemporâneas, custe 500 mil reais, enquanto uma obra emergencial para liberar o espaço para uso custaria muito menos?

E, claro, onde estão os 400 mil reais conseguidos pela prefeitura para fazer a reforma?


Ontem, dia 20 de julho, um grupo de artistas que levanta a bandeira do MOVIMENTO DULCINELÂNDIA iniciou sua homenagem à atriz ocupando artisticamente a calçada da rua Alcindo Guanabara, em frente ao teatro fechado. Segundo seus organizadores, a ocupação de ontem pretende ser a primeira de uma série de cem, onde serão apresentadas performances, leituras, peças, filmes, shows, entremeados por informações sobre a atriz e sua história de quase cem anos de atuação no teatro brasileiro.


O Movimento pretende abrir a discussão sobre a situação do teatro junto á FUNARTE, inclusive sobre o projeto arquitetônico de restauração/reconstrução. A organização do Movimento, que em seu núcleo tem exclusivamente atores, cenógrafos, iluminadores e profissionais de teatro, diz que a FUNARTE e o seu diretor Sr. Celso Frateschi já foram contactados por duas vezes na tentativa de marcar uma reunião do movimento com a instituição. A comunicação foi cortada quando souberam que o movimento queria colocar em pauta a abertura do teatro, sua reconstrução, sua arquitetura e discutir os rumos do teatro no Rio de Janeiro.


A reação do Movimento, ao ser ignorado pela FUNARTE, foi imediata – “Se o teatro está fechado e a instituição não responde, atuaremos na rua, em frente ao teatro. Se aqui é um lugar pra se ter cultura e isso não acontece porque está fechado por descaso, denunciemos o fato do lado de fora, com cultura” – diz um de seus organizadores.


Primeiro Chute


O Ato-Manifesto de ocupação intitulado “Primeiro Chute – 100 anos de Dulcina” iniciou com os atores colando imagens de Dulcina na fachada do teatro e pintando a porta de branco (que mais tarde seria usada como tela para projeção). Quando a porta estava quase toda branca, o segurança do teatro saiu para ver o que estava acontecendo, se deparou com a porta pintada de branco e foi buscar a polícia. Dois atores foram conduzidos para a 5ª DP juntamente com o segurança para esclarecimentos. Na delegacia, foram recebidos pela delegada de plantão Daniela que ouviu o relato do segurança e dos atores. Percebendo que não eram pichadores e delinqüentes, e que o objetivo da ação era produzir um evento cultural, a delegada Daniela liberou todos, se comprometendo inclusive em falar com o patrão do segurança, para que não fosse responsabilizado.


Resolvida a questão na delegacia e com a porta já pintada de branco o evento-ato-cênico pôde continuar sem interrupções, recebendo grupos e artistas diversos, numa programação que ora parecia ser definida e roteirizada, ora parecia incluir as manifestações momentâneas de artistas e pessoas que se achegavam à roda. Uma grande Ágora foi instaurada na rua Alcindo Guanabara, com a participação das pessoas daquele lugar, das pessoas do centro da cidade, dos policiais, dos moradores e trabalhadores da cinelândia, e dos moradores da Ocupação Manoel Congo, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, que ocupa há nove meses um prédio abandonado do INSS em frente ao Teatro Dulcina. A Ocupação Manoel Congo, com suas famílias e crianças, participaram ativamente do Ato-Cênico apresentando o ensaio de sua quadrilha junina e ajudando a preparar o bolo que foi dado a todos os presentes pelo aniversário de 100 anos de Dulcina, feito em parceria com o Movimento Dulcynelândia.


Pessoas chegavam e ficavam; outras paravam por um tempo e depois iam embora. Houve bastante circulação, uma movimentação muito mais intensa do que aquele trecho de rua está acostumado para uma tarde de domingo, pois há muito tempo o teatro Dulcina não abre suas portas. Os funcionários do bar ao lado do Dulcina confirmaram que se não fosse o evento eles não estariam abertos, pois não haveria para quem vender. Com o som do DJ e da música ao vivo as pessoas da Cinelândia foram se aproximando, se juntando às pessoas que estavam ali porque sabiam do evento. Presença importante a ser citada, como a do poeta Guilherme Zarvos, que foi até a pilha de livros-referência que estava à disposição do público e ficou bom tempo lendo e folheando informações sobre Dulcina, nos livros e textos que havia sobre a atriz.


O MOVIMENTO DULCYNELÂNDIA conta com apoio de diversos artistas que assinaram juntos a primeira carta enviada ao diretor da FUNARTE. Nas assinaturas dessa primeira carta, segundo o blog do Movimento, constam nomes como os da cineasta Ava Rocha, do fotógrafo Cafi e da atriz e cantora Mariana de Moraes. No blog encontra-se também a segunda carta mandada para a FUNARTE, juntamente com belas fotos do Primeiro Chute e com textos sobre o movimento e esse primeiro dia de ocupação.


Fica claro que a antropofagia impetuosa do Movimento Dulcynelândia, de comer Dulcina e essa situação do seu teatro, acaba engolindo o tempo da burocracia e das respostas institucionais. Percebe-se que a FUNARTE e o seu diretor ficarem ou não sabendo do que está acontecendo não impede nem atravanca as coisas de acontecerem, pois o tempo da arte e da resistência é mais urgente. A ágora é movimentada por aqueles que a freqüentam, por aqueles que vivem dela, por aqueles que se preocupam com seu entorno. Se os diretores e dirigentes de órgãos e instituições culturais são os responsáveis por essa e outras ágoras da cidade é necessário, para que realizem um bom trabalho, que estejam presentes nessas ágoras para entender seus movimentos e trabalhar em conjunto. Afinal de contas, os personagens da ágora: o polícial, o artista, o comerciante, os moradores, os trabalhadores, o segurança; cada um no seu papel social, possibilita e trabalha para realização do espetáculo. Que no caso desta ágora é o encontro de todos para celebrar os cem anos de uma importantíssima atriz brasileira esquecida, em frente ao seu teatro igualmente esquecido e fechado. No que depender de mim, darei toda ajuda que puder para que o grito desta ágora dulcynelândica chegue aos ouvidos dos responsáveis pelo sucateamento que vemos atualmente na rede cultural da cidade e do país.

Dulcina foi uma importante personagem na luta por um novo Teatro e pela profissão do Ator. Vamos comer Dulcina. Ainda temos metade do ano.


Blog Movimento Dulcynelandia:

www.movimentodulcynelandia.blogspot.com

Email Movimento Dulcynelandia:

dulcynelandia@gmail.com


Odilon Carneiro

21/07/08

Email de Francisco

Olá,
Meu nome é Francisco e estive ontem na comemoração dos 100 de Dulcina na Alcindo Guanabara...Estava saindo do Teatro Municipal ás 18:30 quando andando pela Cinelânida ouvi o barulho do tambor!!

Não conhecia o movimento mas fiquei muito estusiasmado e esperançoso ao conhece-lo ontem e lendo as propostas no blog! Queria dizer que há algum tempo busco encontrar uma idéia tão boa e que me encha de inspirações... Não faço teatro, gostaria muito de começar a fazer..

Conheço a ocupação Manoel Congo desde do seu início e sempre pensei que pela organização e vontade política de muitos de seus moradores que aquele espaço vai gerar ainda muito frutos e conquistas no movimento social urbano e na luta pela Reforma Urbana! Acho que o Teatro Móvel pode ser sim um movimento de grande importância política e cultural se for mesmo o que o Fredy alertou no blog: "não é um projeto que pretende deixar o teatro como há 50 anos atrás, com seu palco italiano, suas cortinas de veludo..."!"Ato externo para a busca interior e do interior abri-lo"!

Acho que a proposta vai muito além porque acredito que um projeto de conscientização e emancipação política só vai a frente se buscarmos juntos uma contínua descoberta e exploração da criação e inspiração humana, através da transposição de nossas expressões artísticas! Uma inserção e conscientização do indivíduo como indivíduo coletivo e político e o reconhecimento da heterogeneidade e da singularidade de vida humana!

As ocupações do centro da cidade ainda são muito desarticuladas e o interesse e participação política é ainda muito pequeno... O teatro é um importante palco de discussão da vida e dos problemas urbanos sim! Esse movimento pode atuar de forma conjunta com os movimentos sociais, principalmente com os moradores de ocupaçõs no centro..

Bom, para finalizar, queria dizer que ontem eu senti uma felicidade muito profunda! Quero de alguma forma poder ajudar e participar pois acredito nessa proposta!

Muito obrigado.

Francisco

21/07/08